Nosso país é tão grande que temos muitas culturas dentro de
uma só nação, aliás, temos mais de uma nação em um só país, as nações indígenas
e quilombolas também fazem parte de nossa diversidade.
Temos muitas influências literárias e diferentes maneiras de
encarar a vida em sociedade, em muitos lugares é costume o vizinho “cuidar’ da
vida do outro e para eles é comum. Em outros existem vizinhos que moram anos ao
lado e não fazem nem idéia do nome da pessoa que divide a mesma parede. Tem
lugares no Brasil ainda se usam banheiros fora de casa (nestes lugares,
normalmente é por falta de saneamento básico) e para quem mora nestes lugares
ir à cidade e ver os apartamentos com banheiro é sinal que o povo dali é tudo
porco (palavras do avô do meu filho, um tradicional lavrador do interior do
maranhão ao ver “aquele monte de casa amontoada e com os banheiros dentro!”)
pra ele isso era errado. Neste mesmo lugar os adultos ainda pedem a Bênção aos
pais e padrinhos e beijam na mão!
Existem lugares e tipos de moradias tão diferentes, sons,
tipos de instrumentos regionais, linguagens, modos de vestir, de ver os
relacionamentos...sim existem lugares que as moças ainda esperam “pra casar” e
em outros elas não querem nem pagando.
Temos regiões em que até a violência doméstica ainda é considerada
“normal” ou pior: um direito do marido. Esta é o tipo de tradição que deve ser
excluída, pois representa atos de violência contra outro ser e é por lei
considerada crime, independente do pensar da região cultural.
Mas tenho que destacar duas tradições brasileiras na área da
Cultura: O carnaval e a Festa Junina. Chega a ser contraditório que num país
que sempre se declarou de maioria católica as maiores festas não sejam as novenas
e procissões, e sim as festas consideradas pagãs, mas isso, acho eu faz parte
de nossas contradições históricas e homéricas.
O Carnaval tem duas situações: o de Rua com Blocos, Bandas ou
trios, Desfile das escolas e os nos clubes. Existem opções pra todos os gostos
(ou quase), pois ainda há aqueles que não gostam nem de assistir e muitos que
esperam por este momento o ano inteiro. O Carnaval recebe verba pública, ou
seja: dinheiro do povo, as escolas têm estrutura e algumas até tem oficinas e
cursos durante o ano todo pra comunidade. E sim o desfile para cada escola é um
dia só e depois a da chamada apoteose, que é o desfile apenas das campeãs.
A festa junina assim como o carnaval também faz parte das
tradições indexadas, ou seja, são tradições dos países colonizadores neste caso
as duas tradições são vindas de costumes europeus. O Carnaval se difundiu
primeiramente na região Sudeste, porém hoje até cidades novas como Brasília já
tem suas tradicionais escolas de Samba.
Os festejos juninos são tradição nordestina, mas também se
difundiu até mesmo pela migração de nordestinos para outras regiões. A
diferença é que não há para os festejos Juninos os investimento público que há
para o Carnaval, não há (exceto em alguns lugares) reconhecimento para os Grupos
de Quadrilha ou incentivo para que ensaiem que tenham boas fantasias que
mantenham os grupos tocando as quadrilhas ao vivo e não apenas dançado com o
CD.
Mas mesmo sem os investimentos e até considerando a força
nordestina neste país me pergunto porque nem nas escolas públicas a tradição
está sendo mantida? Isso não é questão de dinheiro, isso é questão de boa
vontade, de respeito, de se entender o que a sanfona, o triângulo e a zabumba
significam para a cultura nordestina. É de lembrar o que significa Luiz Gonzaga
e outros para a nação nordestina. Porque em muitas escolas as crianças estão
sendo “impedidas” de entrar de caipira? Tem que se vestir de Country! Durante
as festas só tocam funk...não existem mais as comidas típicas, agora o que tem
em festa junina é cachorro quente! E há quem diga que isto é uma evolução
natural? Não acredito.
Ainda neste ponto um dia fui ver os preços de alguns instrumentos
e sabe qual é o mais caro no Brasil? Sim,
a sanfona... a mais barata custa no mínimo R$ 3.000,00 (isso mesmo três mil
reais) as boas são em torno de vinte mil. Agora me fala, como um instrumento
que representa a cultura de um povo (no nordeste e no sul) pode ser tão caro?
Como a tradição de tocá-lo poderá ser mantida? Como? Se nem nas faculdades de
música ele não é instrumento base de formação.
Nosso país precisa sim ensinar as crianças a ler, a somar, a
dividir, a raciocinar... Mas precisa manter suas raízes, suas tradições. Não é
à toa que vemos verdadeiros lixos sendo cuidados como cultura e a verdadeira Cultura
tratada como lixo. Esta inversão perversa de valores desvaloriza o nosso maior
tesouro: nossas raízes.
Através do ensino da Música como disciplina, podemos incluir
ai: Cultura, estímulo de percepção sensorial e raciocínio, matemática,
coordenação motora, convívio social e superação. Quem é contra que nas escolas
publicas seja definitivamente implantada a educação musical? Quem?
Quem é que quer exterminar toda uma Cultura e suas tradições?
O Brasil já amadureceu o suficiente para ter sua identidade cultural preservada
em todas as suas nuances, falas e diferentes rituais. Se não abrirmos os olhos
o fato de acordar só nos deixará conscientes e imóveis, deitados eternamente,
mais que acordados, precisamos estar informados e atentos e em movimento na
construção de cada detalhe que nos fará cada vez mais uma Nação.
Um comentário:
Parabéns Claudia pela iniciativa do bloq......sinceramente não sei muito bem como funciona esse negocia de pagina/blog etc....mas todo meio de comunicação é valido e necessário ....quanto ao tema de "abertura", se é que se chama assim, está muito bom e polemico/contraditório como tudo no Brasil, cultural e musicalmente perfeitos!! heheheh
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