As manifestações tomaram conta das ruas, muita gente querendo muita coisa...tudo de uma só vez, e o que parecia que era uma iniciativa popular e totalmente descompromissada com grupos políticos foi se mostrando por suas ações e pedidos em um golpe contra a democracia.
Mas como assim? Como uma manifestação popular que seria a maior prova de que somos um país democrático pode estar contra a mesma democracia que lhes garante este direito? Como pode um povo ir às ruas inocentemente pedir que aconteça um golpe militar? Como pode a revolta contra uma corrupção centenária vir abertamente e culpar apenas um governo? Como não questionamos isso?
Outro dia ao conversar com um revoltado com o atual governo (qual não apoiei, nem votei), ele dizia que não aguentava mais tantos escândalos, que não suportava mais ver tanta coisa nos jornais e não fazer nada. Aí perguntei qual o maior escândalo do governo Dilma, ele ficou em silêncio um tempo e depois respondeu: “Não sei”. E é aí que está a questão, tem gente indo às ruas pra externar sua revolta, pra querer a volta dos militares ao poder, impeachment de Dilma, sem considerar sequer uma coisa simples desta: ”não houveram escândalos no governo dela” (no meu ponto de vista apenas a continuação de coisas erradas), mas o que quero com isso?
Pense bem: (pra quem quer a volta da ditadura) Se os militares governam melhor, são pessoas de boa índole, se conseguem manter a ordem, não são corruptos, etc, etc...porque eles não se candidatam? Sim! Podemos votar em militares e continuarmos sendo uma democracia! Se o nosso processo eleitoral que é a base se tudo é um processo corruptível (e isso está mais do que provado) porque continuamos? Porque ainda nos enganam com a biometria, como se isso garantisse que o meu e o seu voto não será manipulado pelo próprio programa de computador! Ou mudamos a base da corrupção ou não mudaremos NADA.
Quando os militares estiveram no poder, nosso país era bem menor, não havia a tecnologia que tem hoje, não havia a organização no crime que há hoje e não havia a lavagem cerebral que fizeram ultimamente, sim estamos com preguiça de pensar, se houve algum lado bom da ditadura foi este: as pessoas pela pressão de não poder falar, quando falavam usavam o cérebro... Hoje... Ai, ai. Ou melhor, le lek, lek, lek.
Não, isso de que não houve corrupção na ditadura é mentira! Não havia exposição das contas como tem hoje! Os que roubam os cofres públicos (e cofre público é aquele que tem o meu e o seu dinheiro) são praticamente os mesmos, exceto os que aderiram à quadrilha depois da democracia.
Temos que conversar nas ruas, bares, ônibus e em casa, temos que construir em nossas mentes o país que queremos, mas se perdermos o direito de nos manifestar, o direito de falar que a democracia nos garante não teremos mais nada.
O povo informado, consciente de seus direitos (e deveres) este sim assusta, mas não pelo volume de pessoas, mas pelo que pode surgir dali: de repente surgirá um povo que cobra honestidade em todos os lugares, desde filas ao pagamento de serviços e impostos. O dia que este gigante chamado caráter acordar, aí sim, poderemos ter poucas pessoas nas ruas, mas teremos alcançado as mudanças, pois o restante do povo estará participando de audiências públicas, reuniões de votação de orçamento, participando de eventos sociais, culturais e esportivos. Sim, merecemos e podemos ter tudo isso.
Nosso país é um presente da natureza, além de não termos catástrofes como terremotos, maremotos, tufões, etc...temos muita água doce, muita terra agricultável, a maior reserva florestal do mundo, a maior biodiversidade, somos culturalmente ricos pela diversidade de nosso povo, somos trabalhadores e sim, hoje somos um país rico! Então é necessário ver como esta riqueza será melhor utilizada pela maioria do povo e não apenas por alguns como tem sido feito nos últimos 500 anos!
Se a rua é a maior arquibancada do Brasil eu não posso ir apenas para protestar sem discutir um país melhor, pois não é questão de torcida, ou muito menos de que lado (ou time) você está. Mas sim de sentar e debater “Qual país queremos ter, e agora!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário