Por Gisele Leite Martins
(Em 13 de julho de 2012)
“Somos uma geração sem peso na história, sem propósito ou lugar. Não tivemos uma guerra mundial, não temos uma grande depressão. Nossa guerra é espiritual, nossa depressão são nossas vidas;” MHM – Manual do Homem Moderno
Queremos enxergar porque algo em nós começa a incomodar...
De repente nos revoltamos com a mesmice e com aquilo que nos foi imposto sem que percebêssemos;
De repente nada mais faz sentido e nos encontramos em um vazio existencial catastrófico;
De repente culpamos a tudo e a todos. Culpamos o capitalismo, a mídia, a nossa apatia e tomamos força para lutar a favor da liberdade de escolha que nos foi tirada em oculto;
De repente nos encontramos exaustos e decidimos nos desfazer de todos os conceitos, valores, bom senso, verdades que fomos acumulando ao longo da vida porque tudo nos parece falso e desconectado da realidade;
De repente nos revoltamos e começamos a encarar o mundo como uma indústria que promove o bem e o mal. Por defesa e fragilidade interna buscamos o nosso próprio caminho;
De repente o diferente é não ser nem do bem nem do mal e decidimos então sermos apenas nós mesmos. Nesta guerra interna onde não pertencemos a nada senão a nossa escuridão decidimos mostrar a nossa capacidade de obter poder lutando contra tudo o que um dia nos pareceu verdadeiro;
De repente fomos ofendidos e enganados pela nossa fé, pelos nossos sonhos que pareceram tão nossos, mas que na verdade foram introduzidos em nós como objetivo de vida feliz, na qual somos sempre diferentes e merecedores de um posto privilegiado;
De repente percebemos que fomos desestabilizados em nossa essência e simplicidade de existir. Percebemos que aquilo que nos era puro foi banalizado em nós através do que vemos, do que ouvimos, do que aprendemos e que não tem relação com o que de fato somos;
De repente nos desintegramos, ou melhor, fomos desintegrados e na nossa cegueira buscamos manifestar o grito raivoso e não consciente porque de fato perdemos a consciência de nós mesmos. Nesta guerra espiritual o que nos falta é o sentido da vida e se há o bem e o mal tudo se manifesta dentro de nós pelas portas que deixamos abertas;
De repente desacreditamos do amor porque este, para contradizer o conceito que a nossa consciência emocional carregava de amor simples e singelo, nos foi introduzido com algo inatingível cheio de regras e detalhes fúteis. Assim foi também com a beleza, com o status que o dinheiro proporciona, com os valores sociais patéticos e os valores emocionais estupidamente banalizados;
De repente todos os nossos sentimentos bonitos e verdadeiros foram sendo exterminados ou contaminados por conceitos capitalistas. E nós, sem direção certa e à espera frustrada de alguém lúcido o suficiente que possa nos mostrar o caminho, nos rebelamos contra o que temos de mais precioso, a nossa essência e a nossa unidade de sentidos;
De repente fomos traumatizados entre a nossa consciência legítima e a imposta. E de repente a vaidade nos induziu a ser o que parece bonito, mas é feio demais para que a nossa capacidade emotiva possa suportar. Ou cedemos e morremos pela omissão de nós mesmos, ou nos rebelamos e agonizamos na nossa ira, ou simplesmente tentamos nos reconectar, nos reintegrar com as nossas verdades;
De repente o nosso ser foi destituído de valor e força e a desvalorização humana uma poderosa ferramenta de destruição em massa. O bizarro é idolatrado e o belo é aprisionado. O bem é entediante e o mal é instigante. O ridículo é encantador e o que encanta é estúpido. De repente vivemos em um mundo de dores, angústias e tormentos. De repente estamos no fim e buscamos um caminho, uma verdade e uma vida. Um exemplo existencial que transfira valor aos nossos dias. De repente estamos sós no meio da multidão e frágeis demais para acreditar que um simples abraço verdadeiro e realmente verdadeiro possa nos trazer de volta para o centro de nós mesmos. De repente o único sentido da vida, por mais que não queiramos acreditar de novo, seja a capacidade de amar as verdades que aquecem o coração e a durabilidade e constância destas.
Por fim, nem a apatia faz bem à alma e menos ainda a revolta. Uma vez que houver uma pequena luz no fim do túnel, segue em direção a ela e encontre a sua verdade. Talvez seja este o momento mais marcante de sua vida...
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