Era mais uma manhã fria, destas que
a gente levanta obrigada e vai fazer automaticamente aquilo que deve ser feito.
Depois de deixar meu filho na escola voltava como todos os dias até que uma
mulher que levava uma criança no colo parou pra pegar um tênis que caiu do pé
do menino, fui ajudar e ela já veio me abordando com a frase tão ouvida “olha
eu não quero te incomodar”...ai surgiu uma história em que tentei ajudar, mas
que no final quem foi ajudada fui eu!.
Ela uma jovem de 28 anos, dois
filhos, vinda ha 3 meses de Sergipe com o marido...sim, vieram atrás dos
empregos que viram no jornal. Chegando aqui, tudo mudou...ele a agrediu tanto
que ainda haviam marcas em seu corpo, no momento está preso por agressão a ela
e a criança que ela levava no colo está doente e precisava atravessar pra fazer
exames em Santos, nem fralda tinha, e eu só pensei: _Como? Como posso ajudar de
verdade? Olhei nos olhos dela e disse: _não desista! Nós duas choramos ali na
rua, como se fôssemos antigas amigas passando por algum problema...eu nem sei
na verdade se chorei pela situação dela, se chorei por lembrar de coisa
parecida que passei, se chorei por me sentir tão impotente, por perceber que
não há escolha quando se chega ao ponto de pedir ajuda pra um estranho na rua,
nesta hora se alguém te ajuda, você fica aliviado, mas se sente tão humilhado,
é uma mistura de gratidão com quem te ajudou e revolta com os teus erros e com o
mundo que te levaram até tal situação.
Bom, fui com ela até o Conselho
Tutelar que fica na minha rua, pois ela está em situação de vulnerabilidade e
com duas crianças. Então vi que o Conselho não funciona 24 horas! Vi que nem a
placa de que ali é o Conselho existe mais e lembrei a canalhice que fizeram ao
não permitir que as eleições para um cargo tão importante como o de conselheiro
fossem honestas, que tipo de pessoa faz isso? Como podem receber pra isso e
deixar à própria sorte aqueles que o Estado tem a função de proteger?
Dei o que pude em $ pra ajuda-la e
não vou me arrepender, pois ainda podemos sim olhar nos olhos das pessoas e ver
se há verdade ali, podemos sim, mesmo sem ter nada ajudar alguém.
Hoje fez sentido uma resposta que
ouvi a algum tempo quando eu questionava o porque de tanta miséria no mundo: _se
isso não bastasse pra se olhar pro lado o que mais seria necessário?
Então hoje esta mulher e todo seu sofrimento
me ajudaram, pois de alguma forma me mostraram que eu ainda não sou totalmente
de pedra, ainda podemos ver no deserto a oportunidade de valorizar os rios, de
no verão cuidar dos casacos, de nas festas não desperdiçar e nem deixar que a
tristeza nos domine e ter sim felicidade por poder abraçar...pessoas, causas e
porque não dizer...músicas.
A
todos os que passaram esta noite nas ruas do mundo: BOM DIA
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